Quase todas que me conhecem já me perguntaram: "E a Ana Clara?! Porque você teve ela? E porque não está

Bem, eu quase nunca respondo.
Primeiro porque não faço muitas perguntas desse tipo, para as pessoas.
Segundo porque ainda não tenho todas as respostas.
Mas hoje eu vou falar sobre isso.
Queria deixar claro aqui, que não acho esta, a melhor forma para se ter um filho.
Durante minha gravidez eu conheci meninas de 13 e 14 anos que já estavam no terceiro aborto, provocado. Por fazer meu pré natal em uma Maternidade de caráter filantrópico, e por alguns motivos , fazê-lo no turno de assistência à gravidez de alto risco, pude refletir durante os nove meses, sobre as consequências, de atitudes inconsequentes.
O caso que mais me chocou, foi de uma moça, de 27 anos que estava com o vírus do HIV. Eu chorei com ela, quando nos contava sobre ter sido contaminada pelo seu ex marido.
Uma garota ainda, quase da minha idade, passando pelo problema mais grave, que imagino , alguém possa passar.
Sei que a medicina , com todos os seus recursos, pode até amenizar e prolongar a vida de uma pessoa contaminada, mas ela me disse, que os coquetéis que tomava, agrediam seu estômago, sendo que, era necessário sua mãe lhe preparar um remédio natural, a base de couve. Também, ela teria que passar por uma cezaria e não poderia amamentar seu bebê. O mais difícil nesta história, era saber que ao nascer ele teria que tomar os remédios por um período.
Logo que soube da minha gravidez, eu me senti sem chão.
Mas ali, enquanto escutava aquela história, tive a certeza de que Deus me livrou de cair num buraco sem fundo.
Algumas pessoas pensam: "isso nunca pode acontecer comigo"," Se eu ficar grávida eu tiro", outras menos radicais, preferem casar. Mas e se este não for seu caso?
Foi difícil ouvir dela, que estava passando por um dos piores momentos de sua vida e, não ter nada pra dizer. Eu não tinha um exemplo melhor. Corri o mesmo risco. Só tive a melhor sorte. Passamos pelos mesmos exames, a diferença entre ela e eu era o resultado. O meu negativo, não me dava os "parabéns" por ter sido negligente! Ele apenas dizia que, naquele momento eu não fui atingida.
Eu não me orgulho de ser mãe solteira.
Eu me orgulho da Ana Clara, jamais faria aborto.
Mas me orgulhar por ter ela, não é sentir orgulho de como tive ela.
Por já ter uma experiência, de casamento sem planejamento, não aceitei ficar junto com o pai da Ana Clara. Ele, então, segue a vida...
Não se casou ainda, mas eu espero que se case por outro motivo.
Tinha o sonho de acabar minha faculdade, graças a minha família, que me ajudou, mesmo sem aprovar as minhas atitudes, consegui terminar.
Devia algumas explicações para eles, fui dando com o tempo, mudando o comportamento, repensando algumas práticas e valorizando minha vida e meu corpo. Tenho sentido orgulho das minhas mudanças.
Hoje a Ana Clara tem seu espaço no coração de todos, teve também ao nascer, mas hoje, ainda mais.
Eu nunca vacilei em relação a Julia. Sempre dei as respostas que ela me pediu.

Somos um trio, cercadas por muitos e abençoadas por Deus.
Mas eu repito: está não é a melhor forma de ter filhos.
Pense sobre seus atos, eles podem te levar a finais não tão felizes, como levou a moça que conheci e as adolescentes que vi, na Maternidade, em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Se pudesse dar um conselho, diria que você deveria conhecer pessoas em situações extremas, para mudar alguns hábitos e rever alguns conceitos.
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