Estamos construindo os meios necessários para a pobreza.
Constantemente.
Mesmo sem entender.
Quando alguém nos chama à razão, advertindo-nos, buscamos respostas em outros males, outras tragédias e fica tudo mais ameno.
Medimos e comparamos, para aliviar nossas culpas:
"A fome é pior que frio."
"Solidão é melhor que violência."
"Morar na rua é pior que morar na favela..."
Estipulamos valores e graus para os sofrimentos do Mundo.
Esquecemos que a subjectividade da dor é tão real, quanto à sua presença, em qualquer situação, que cause sofrimento a alguém.
Então o que eu acho pode ser irrelevante mas, o que eu faço, não! Se alguém me diz que sua situação é de desconforto e que por este motivo ela sente muita dor e precisa de ajuda, eu tenho necessariamente que, agir em relação a isto.
Não basta ouvir, perceber ou conhecer.
A diferença, em não conhecer apenas, esta nas atitudes e praticas.
Se comparo a dor de quem mora na rua, com a dor de quem mora na favela - em situação de abandono - ou, estabeleço critérios, para saber se a fome doí mais que o frio, não estou lembrando de considerar os sujeitos em questão!
Estou apenas reflectindo sobre os reflexos, efeitos ou consequências.
Estou tornando as informação reais, de uma dores reais, em dados ou números para demarcar, seus lugares em "gráficos" sobre as mazelas produzidas a partir dos meios.
Aprendemos a ler as estatísticas, no entanto, isso torna-se mais um assunto na roda, na fila, na escola.
A dor do frio só existe porque o meio de sanar esta necessidade está obstruída, não porque a gente não entendeu os números...!
Assim como a dor da fome, dor da solidão, dor da violência, dor da pobreza...
Ate quando a gente vai reflectir sobre coisas que não pretendemos mudar?